Feitas de barro
Costela,
Sentimentos
De qualquer coisa
Translúcida
Intangível
Imensurável
Complexa
Sensível
Adorável
Nos primórdios
Isolavam-se para sangrar
Irmanavam-se
Divinizavam o ato
De sobreviver ao sangue
Abundante e criativo
Chocavam os primevos homens
Com sua capacidade
Estranha
De reproduzir a espécie
Sozinhas
Mais tarde, tornou-se feio
Sujo e impróprio
O que é natural
E ela perdeu o direito
De honrar
Seu mais forte diferencial
De conhecer e adorar
Seu corpo
Seu ciclo menstrual
Tomaram seu direito
Do saber cultural
Do querer humano
Tornaram-nas diferentes
Objetos
Trapos
Insanas
Em épocas modernas
Elas queimaram sutiãs
Para lembrar
A quem seus seios pertencem
Libertaram-se
Tomaram os lugares
Nas indústrias
Decidiram disputas
Separaram-se
Tornaram-se então
Putas
Mas,
Retomaram a posse de seu corpo
De sua mente
De sua alma
Indescritível.
Conquistaram, sem armas de fogo
Seus lugares, junto aos homens
Comandam lares,
Empresas,
Oficinas
Vidas
Abandonaram a obrigatoriedade do fogão
Do tanque e dos filhos,
Da cama e dos maridos...
Mas ainda assim, elas continuam
Indefiníveis,
Voláteis,
Sublimes,
Fortes,
Belas,
Mulheres
Geradoras
Mantenedoras
Promessa
De outras vidas...
Deusas
Rainhas
Donzelas
Meninas...
Feliz dia Internacional das Mulheres!
Muito belo o seu texto!
ResponderExcluirhistórico, poético e muito feminino...
beijos.
nota 10 para o conteúdo!
ResponderExcluir(apesar de que acho que é muita louvação a vocês mesmas... ficam se achando! risos. pequeno deboche, pois que não seria eu se não o fizesse)
Vamos conversar sobre a forma e o estilo dele, depois, um dia, num café?
RAMO SIM!
ResponderExcluir