sábado, 30 de abril de 2011

Ritos

Todo bruxo e bruxa, de forma mais ou menos explícita, espera poder celebrar seus ritos sem pudores, sem medos, sem reservas e sem frescuras.

Mas, todos somos humanos, o que na lógica, nos impele à pelo menos um destes itens vai estar presente quando o rito for sexual...Potenciamente, todos e alguns mais.
Temos medo do julgamento... do que vão pensar, da forma, do corpo do outro, dos comentários...
E tem, claro, o problema da afinidade, da sincronia, do desejo.

Mas, pensamos, pensamos... e fazemos tudo errado!

Uma celebração ideal, seja ela sexual ou não, não se refere a nós. Nós não somos o centro da celebração. São os deuses!

Ninguem é obrigado à copular com quem não gosta, com quem não quer, por que alguem disse que voce deve, por que voce acha que deve. Na pratica wiccana, a Lei de Liberdade e Amor, está acima de tudo.

Então, voce pode celebrar com quem quiser, quando quiser, fazerndo o que quiser...E pode ser que, um dia, cedo ou tarde, voce, seu coven, seu amante, sua comunidade mágica, resolvam querer exatamente a mesma coisa na celebração.

Passei anos em dois grupos...estou no terceiro hoje. Ao todo, completo 8 anos pertencendo à grupos de prática mágica... Em nenhum dos dois, nunca fui obrigada a fazer nada que assim não quisesse.

Mesmo assim, apenas uma vez, eu tive a celebração dos meus sonhos...

O rito foi sensual, foi livre e foi espontâneo... A puxada da Lua foi feita, A puxada do Sol foi feita...
Havia tanto amor e alegria no ar. Tanto carinho, tanta delicadeza... que até hoje eu desejo sentir o mesmo "gosto" em meus ritos.

O Hieros Gamos foi completo, com total liberdade...

E foi lindo...

Então, não se forcem e não se permitam serem forçados... Na hora certa, tudo fluirá... Melhor se tiver com quem compartilhar...

A celebração é para os Deuses, com os Deuses...

Acendam as Fogueiras de Bel!


Antes, muito antes, os fogos eram acesos
Ela e Ele viriam
Rasgariam a Terra
E nela se entregariam
Derramariam a semente
E Ela seria fértil
Úmida e aberta
Entregue e descoberta
Desavergonhadamente farta
E os seguidores e crentes
Deitavam-se e Acostavam-se à relva
Refestelavam-se
Também entregues à lasciva celebração
De vida, sexo, morte e renascimento
Os suores se juntavam
Transborandando a fenda
Da Terra
Ardiam-se homens, mulheres e animais
E a fogueira espalhava-se
Todos os seres, vivos ou não,
Podiam sentí-la...
O fogo era tão intenso, 
Que nenhum voto de fidelidade
Teria influência no Bel
E as crias desta noite sagrada
Seriam diretamente consideradas
Abençoadas crianças dos Deuses
E seriam por todos amadas e protegidas...
Receptiva, normalmente serena
Agora, desaquietava-se
Em desejo, abria-se
Ofertava-se e
Recebia a promessa
O falo, os tufos
Na relva, acesa
Amada, amanhecia
Exausta e feliz.
E tudo abria-se
Na fogueira da Terra
Dos sentidos, do ardor
Por isso, o orvalho de Bel
Era sagrado
Ao amor, ao vinho
À vida, ao sexo,
Ao instinto, à Libido.
Mas os fogos não se acendem como antes...
Os desejos da terra não são satisfeitos
Mas ela, sábia, satifaz-se consigo mesma
Com seus vários, mas ainda assim,
Poucos amantes...
Aos Bel's celebrados em apartamentos,
Motéis, esquinas e ruas
Sob a luz de uma vela, uma lâmpada
Protegidos sob um capô de carro
As vezes sob um mastro de fitas
Outras sob um dance pole
Protegidos da Lua...
Ela ainda assim convida à sagrada orgia...
Instiga, estimula, seduz
E, sem dúvida se faz ouvida
Sentida, desejada e querida
Suas amantes, lhe oferecem
O nectar doce,que só as mulheres
Podem dar...
O beijo, entregue, profundo
no falo profano e vulgar
sagrado e único
As fêmeas se esfregam
À Ela, a Amante...
Oferecem seu gozo e prazer
Com Ela, com eles, com Elas
Com Ele... n'Ela...
Sem as fogueiras, o suor não mistura
A semente não penetra a Fenda
Mas os Amantes, vários, mas ainda assim
Poucos
Se entregam à Lascívia do Caçador
Ao instinto, ao perdido
Ao doce pedido da Terra,
Entregam seus falos à bocas,
as vezes amadas, muitas outras
desconhecidas...
E vertem sua semente,
Para que Ela tenha seu desejo saciado
Ora nos parques, ora nos chuveiros
Ora com seus amados e amadas
Mas ainda assim, se entregam
A Ela, a Ele, a eles e elas...
Tentando assim, manter aceso
O fogo da Terra
Da mulher
Do homem
Da Amante obscura
Do Caçador selvagem...

A Terra mantém seu desejo vivo,
Masturba-se no nosso desejo
Instiga nosso desvario
E por nós, Amantes
Ela se faz Vívida
Ele se faz Sado
elas, suas Ninfas
eles, seus Sátiros

Trepem! Gozem! Riam! Façam Amor! Façam Sexo!
Divirtam-se! Brinquem! Com um, Consigo, com Muitos...
Não importa,
Deixem que Ela e Ele recebam suas oferendas esta noite...
Eles retribuirão a graça...

Feliz Beltane a Todos!