sexta-feira, 30 de abril de 2010

Dança das Cadeiras - Bola da vez

É, depois de hoje, sou obrigada a recorrer a sabedoria da Dona Lesbiscosna Mor (como diria o Edan), Ana Carolina:

Era


O destino me pregando uma outra peça, eu não queria
Me cercava toda noite, com sua flecha e sua guia
Era o tempo me encostando sua pele traiçoeira
Eram noites tão pesadas, com nuvens sorrateiras
Era a vida me cortando a carne com seu guizo
Ecoando pelos séculos os sons de alguns gemidos
Eram meus antepassados dentro dos bacanais
Era o tempo me emprestando aquilo que eu não devolveria mais
Era um homem nos meus sonhos me currando sem perdão
Eram duas velhas mortas se arrastando pelo chão
Eu soltava os meus cães em meu peito a soluçar
Abafava os meus gritos, pois não sabia ladrar
Achei que não era eu que fazia minha história andar
Punha a culpa no destino ou em quem estivesse à mão para culpar
E era assim
Êêêê, ê......
Hoje em dia não me importo com o que fiz no meu passado
Quero amigos, sorte e muita gente boa do meu lado
E não rebato se disserem por aí que eu tô errado
Porque quem se debate está sozinho ou afogado
Eu, que não fico no meio, não começo e nem acabo
Eu sou filho do amor, não de Deus, nem do diabo
Na ciranda das canções eu me ponho a revezar
Rodando entre as ondas que me puxam em alto-mar
Hoje sei bem que sou eu que giro a minha vida circular
Essa roda, eu que invento e faço tudo nela se encaixar
Eu sou assim
Êêêê, ê......

sábado, 17 de abril de 2010

Eu muleto (uso muletas), para me recuperar ou para sobreviver?

Era uma vez, em uma conversa logo após minha chegada em São Paulo, uma moça, já não tão moça assim, que sofrera um acidente - no intervalo de 4 horas, a moça teve duas quedas. O resultado da primeira queda foi uma dor aguda e inchaço no tornozelo, da segunda um joelho cortado e inchado. (não sei se a ordem das quedas está correta, mas...). Resultado final, a moça, não tão moça assim, não conseguia andar.

Bom, minha primeira reação, por que eu sou um doce de pessoa e adoro me doar, provocar alívio de dor e etc e tal, foi de massagear a moça, enquanto tentava descobrir se algo emocional tinha provado os acidentes...

Fiz massagem dos pés a cabeça... e ouvi a história das quedas:
"Minha mãe queria que eu fosse ao lugar x (eu não lembro o lugar), e eu não queria ir... mas pra evitar encheção  de saco eu fui, aí quando estava no lugar y, caí, do nada! E machuquei... Depois, com muita dor, minha mãe, queria que eu fosse no lugar w, e eu com muita dor disse que não iria, e ela praticamente me puxou pelo braço, me forçou a subir no ônibus, que fez a dor aumentar muitíssimo, e ela nem se incomodou... bom, eu fui né, fazer o que, não ia descer no meio do caminho com aquela dor! (pausa). O fato é que, quando chegamos no lugar w, caí de novo! e fiquei ali estatelada, e minha mãe riu, e sequer se dignou a me ajudar! Foi assim que eu me machuquei, caindo de madura, sem nada demais pra provocar as quedas..."

Nessa altura a massagem já tinha chegado à face de minha interlocutora, e eu ouvindo, enquanto matutava com meus pensamentos, o que de fato minha "paciente" estava dizendo...

Eu me gabo, dizendo que tenho interpretação analítica, e portanto, compreendo o que não foi dito e revelo...

E a "revelação" deste trecho da conversa foi simplista: Minha mãe é meu algoz. Ela judia de mim. Ela não me ama! Como eu queria que alguem se importasse comigo e não me provocasse dor! Pensa mal dela, por favor!
E depois, para finalizar, na frase final, ela se justifica, quando diz que caiu de madura, que ela não tem "culpa/responsabilidade" alguma, sobre a queda, foi o universo que decidiu, foi a mãe dela quem decidiu que ela receberia as dores...

Cenas como esta, me rodeiam o tempo todo, e eu acho que tenho a missão de dizer o que me foi "revelado", dar a informação, e tirar do interlocutor a chance de dizer: "eu não sabia". E de fazer o que quiser com a informação recebida.

No caso acima, perguntei à moça: Por que você foi? Por que não disse não?
Você entende que não fazer uma escolha, implica em uma escolha?
Sua mãe não é má, como você tentou transparecer, ou talvez até seja, mas de fato, seu grande algoz foi voce mesma. Você optou por ir onde não queria, você optou por não ouvir o grito da primeira queda, dado pelo seu corpo, dizendo "Por favor! Não vá!".

Preferiu ignorar seu corpo, sua mente, seu gosto e aceitou o desgosto. Aceitou martirizar-se.

Será que para você, a vantagem não seria então fazer com que o mundo concluisse com sua historia, que você tem um algoz que te faz submissa e torturada, mesmo nas piores condições físicas? Sem pena ou compaixão alguma... Será, que você não está adotando o martírio, e colocando o chicote nas mãos de outros para se desculpar, justificar, ou ainda, para obter alguma atenção?

É óbvio que meu tato e timing são extremamente falhos e agressivos. Eu assumo....

Mas, a história acima me fez pensar nas muletas, físicas e psicológicas, que usamos, e nas motivações que impulsionam este uso.

Na minha cabeça, a formulação é óbvia (repito, na minha cabeça!): Não estamos acostumados a escolher. Não temos consciência de nossas ações, nem de nossas escolhas.
Ora por que não queremos, ora por que não precisamos, ora por que não sabemos.

Seja o motivo que for, acho que sai muito caro pensar que o nosso algoz mor, somos nós mesmos!

Adoecemos para obter atenção, mas morremos no processo.
Nos machucamos como a moça acima, colocamos o outro na posição de algoz, culpamos, mas, doemos muito no processo...

Será que estaremos aptos algum dia à não criar um "diabo" pra receber as culpas dos nossos "pecados"?

Será que isso é influencia da educação cristã, que nos obriga à sermos bonzinhos, e a nos considerar maus, quando não somos aceitos, atendidos ou amados...

Não sei, ainda repenso...

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Parabéns aos meus Arianos prediletos

Espadini, Ge e Agathos,

Pessoas que fazem aniversário "tudo junto" na minha cabeça...

Eu nao esqueci voces, mas faltou internet para falarmo nos...

então,

Fica aqui o meu feliz aniversário,
Com muitos desejos pra voces,
De grana, alegria,
Prazeres, harmonia,
Equilíbrio, realização,
Sucesso e concretização

Que a terra os cubra de ouro
Que a agua os cubra de amor
Que o fogo os envolva em paixão
E que o ar, os envolva em criação.

Que os ventos sejam favoráveis
Em quaisquer direçoes
Que seus pés, ou suas mentes
Tomarem!

Sejam abençoados!

3c

São Paulo

É, eu voltei à Sampa... depois de tres anos de abandono à cidade... voltei a ve-la.
Achei que eu tinha me esquecido como andar na cidade... mas não, eu ainda lembro. E isso até me decepcionou, pois, eu espero que as coisas mudem, e pouca coisa mudou...
Nem vou citar a política, nem vou citar a desordem da cidade que nunca para... ela nunca para... mas nada muda...

Visitei minha família, alguns amigos... e quase nada mudou.

Passei boa parte do tempo reparando nas mudanças que não aconteceram, ou pior, nas mudanças que aconteceram comigo desde a ultima vez que lá estive...

Minha avó, tadinha... tá cada dia pior no quesito irritabilidade (sendo socialmente adequada, pois o correto seria dizer que ela tá um pé no saco à cada 30 segundos). Minha tia e minha mãe estão tristes.

Sabe aquela tristeza de chegar à um lugar e ver que não era lá que voce queria estar? Então, é essa tristeza que transparece aos olhos delas.

Meu primo e meu irmão estão menos infelizes, mas não muito menos.

Talvez eu esteja usando a palavra errada... talvez o que eu esteja vendo nos olhos deles é um conformismo que muito cedo me abandonou. Um quê de "não espero mais nada, pois nada vai mudar"...

Isso me arrepia, me dá desespero e náuseas!

Eu uso qualquer artifício para deixar em meus olhos o brilho chamado "eu nunca vi isso antes! é tão lindo!!!", e quando volto às minhas origens, vejo que isso não existe...

É inevitável pensar se, essa minha vontade de vida, de novo, de riqueza e paz interior, não são apenas ilusões que criei para meu dia a dia... para não cair no tédio. para não perceber que talvez, o conformismo que vejo lá nos olhos deles (e nem preciso olhar tão fundo assim!), não seria o mais proximo ao estado de felicidade que eu poderia chegar....

Prefiro pensar que não. Há membros novos na família! que deixei no forno na última vez. Chegaram o Davi e a Marina. Lindos e sorrateiros! E ainda não têm o conformismo no olhar. Ainda têm a sede de mudanças.

Mas o que fazer com a opacidade dos olhos mais velhos? Será que ainda é possível trazer mais viço, mais amor, mais alegria pra esses olhares?
Será que a necessidade ajuda ou atrapalha nesta busca?

Não sei... ainda devo repensar este assunto...

Mas, acho que estou sendo injusta. Há afeto e há amor, mas ele é mal expresso em palavras e olhares. Julga-se suficiente ações... (mas será que não o é???).

Minha mãe tornou-se agora evangélica, e parece que seu conformismo contém um pouco mais de esperança no futuro. Minha avó a acompanha, não com a mesma fé, mas como boa (?) companhia. 
Minha tia tornou-se avó...E assim, mãe de novo. 

Talvez as crianças tragam esse brilho e essa vontade que eu não mais percebo de volta a estas mulheres sofridas... Talvez essas mulheres sofridas apaguem o brilho dos olhos das crianças.... talvez....

Mas o que sei é que matei as saudades, como se voltasse a um album retratos, num determinado momento do tempo, em que deixei de ser criança, mas que ainda é dificil me verem como adulta.. rs... (apesar de minha mãe dizer que tenho 198 anos e 215 quilos!)

Essas mulheres que sofrem de dores do passado, e ao passado se agarram, mereciam um remédio para a memória... para apagar a memória! Então, só então, reacender a chama dos olhos... reacender a chama da vida...

Gostaria de poder trazer esta luz, mas... acho que não tenho tanta assim....

Isto me leva a pensar, será que mantenho o brilho por que não tenho memória? Ou será que é por que não tenho história mesmo? Assunto complicado este.

Bom, mas estou de volta ao meu lar e ao meu reino... Com meus bichinhos amados, com meus amigos queridos... Alias, uma de minhas amigas está com dengue... chato isso! 

Entre mortos e feridos, estou eu de volta, repensando minhas origens!

repensando
repensando