sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Limites

Outro dia, conversando com um amigo, que me explicava a invasão sentida, quando amigos, ao se titularem sábios do universo, com conhecimento bastante para aconselhá-lo nas atitudes diversas e adversas de seu dia a dia, causavam.

Me pus a pensar e a repensar...

Cremos que, quando vemos um amigo em dificuldades, em conflitos, em desconforto, que nossa ação deva ser sempre minimizar os eventos. Com esse pensamento, oferecemos sempre soluções, que ao nosso ver, levariam nossos queridos à paz, solução infinda de toda sua eterna vida.

Mas, ao que pude perceber, esta preocupação deixa de lado um item muito importante: o desejo de seu afeto.
Ninguém que eu conheça se lembra de questionar se aquele indivíduo quer uma solução, se ele está feliz dentro do conflito em que vive naquele momento, ou ainda, se não está lhe relatando apenas para contar a arte feita e, talvez queira um incentivo...

Por outro lado, se vemos alguém em rota de colisão, será que não é nosso dever, independente da vontade alheia, alertar, avisar e desviar esta rota? Não estaríamos sendo relapsos, ou menos amantes, se deixarmos essa rota concluir-se?

Ou será que esta sensação de dever que temos, não trata-se apenas de auto-preservação? Veja, pode parecer bobagem, mas ao evitar o sofrimento alheio, estamos evitando que nosso dever se amplie, em um problema maior e mais real, mais denso... Estamos evitando que alguém querido se perca e a culpa, aquela coisinha incomoda no peito, recaia sobre nossos próprios ombros...

Não consigo separar uma coisa da outra. Não consigo separar o que é o dever moral, imposto pelas relações sociais, e o desejo pessoal e real de auxiliar, a vontade de preservar-se ... é indivisível, e não consigo separar o quadradinho adequado...

Por muito tempo acreditei, e talvez acredite até hoje, que é obrigação mínima de amigo aconselhar, ouvir e ajudar... Acho que alguns limites podem e devem ser quebrados em nome da virtude máxima da amizade. Talvez por querer que em situação similiar, meus amigos tenham o mesmo comportamento que eu. Mas, hoje tenho dúvidas, no mínimo, se todos os individuos enxergam desta forma, ou mesmo, se esta é a forma adequada de lidarmos com estas situações.

Talvez seja tudo junto, talvez não seja nada disso... ainda repenso...

Um comentário:

  1. Rssss, essa é uma questão que sempre me preocupa/transtorna/interessa, pois já estive nos dois lados da moeda: da amiga que quer aconselhar e da pessoa que se sente invadida.

    Eu acho que existe gradação para tudo. Eu brinco que conselho todo mundo pode me dar, mas meter o bedelho só minha mãe e meu chefe. Não existe nada demais em dizer para um amigo o que você acha da situação. Mas existe uma diferença muito grande entre aconselhar e torrar a paciência da pessoa até que ela aceite a nossa "opinião superior". Isso é assédio mesmo. Aí eu acho que se está não só violando a liberdade da pessoa, como tentando tirar o poder dela de decidir sobre seu próprio destino, o que é contra a minha religião, rssss.

    Então a minha regra de bolso (que se fosse boa eu vendia) é a seguinte: aconselhar adultos é perfeitamente okay e todos nós nos tornamos pessoas mais sábias ao ouvir opiniões diferentes das nossas... Já meter o bedelho só em casos extremos, como suicídio, homicídio, etc. Aí, dependendo do caso, é até uma situação de chamar a polícia, ou os homens de branco, ou um exorcista, ou, enfim, quem puder resolver o problema melhor de que nós e nossos amigos juntos!

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