Há uma indignação natural quando ouvimos alguém dizer: - Para me seguir, é necessário entregar-se! Deixe de lado seus pensamentos, deixe de lado seus achismos baratos. Entregue-se à minha sapiencia. Sirva-me! Somente assim terá direito e acesso aos Mistérios! Aprenderá comigo como ser um grande líder!
Dizemos (automaticamente) que essa pessoa está tomada pelo Poder, pela Empáfia, pela Arrogância. E sentenciamos que esta pessoa aprenderá com a vida que esta não é a forma correta de agir, de pensar ou de tratar um ser humano igual. Ela vive em Erro! Levamos esta atitude à um quase-sinônimo de pecado.
Mas, se refletirmos sobre as tradições de mistérios, de quaisquer origens, desde as egípcias até os cultos afro-brasilieiros, o que é mesmo que vemos?
Exatamente isso! O individuo se entrega (ou é entregue) aos cuidados do seu Tutor/Mestre. Vai servi-lo e através deste serviço vai servir aos seus deuses, e aprender o Ofício de ensinar.
O pupilo/discipulo vai dedicar-se ao aprendizado. Não somente do sistema mágico, mas do sistema de vida de seu mestre; não de como fazer, mas da linearidade de pensamento e lógica de cada uma das ações.
Então, no fundo no fundo, não há Erro em exigir, no sistema de discipulato, 100% da natureza do aprendiz. Não está errado lembrá-lo que seu sacerdote é e sempre será alguem que precisa de seu eterno respeito, pois sempre estará a frente dele no caminho.
Há uma coisa que todos nós esquecemos: Seu Sacerdote/Sacerdotisa É a representação do Deus, da Deusa. Se assim o é, quem melhor que ele pra dizer a você como dirigir sua vida?
E para aqueles que acham essa afirmação absurda, pergunto: Quão absurda é, a representação do Grande Rito, num ritual wicaniano? Uma faca e um copo são capazes de representar o ato sexual sagrado dos deuses. Por que então seria absurdo pensar que um ser humano possa ser divinizado a ponto de substituir a divindade aqui, neste plano?
Se há erros, não creio que seja na forma em que o discipulato vem sendo aplicado ao longo dos milenios...Afinal, ele persiste até hoje e com sucesso...
O erro está em não deixar claro, ao discipulo, quando este procura o caminho.
O erro está em dizer ao aprendiz que ele será tratado como igual, um dia.
O erro está em aceitar um caminho tão penoso, sem saber se e quando essa subserviência vai acabar.
Muito mais honesto é dizer claramente suas regras, dando ao discípulo o direito de escolher se quer ou não entrar nesta roubada, que tentar tornar o mundo mágico numa democracia moderna e ilusória. Virando o sistema de democrático à ditatorial, quando lhe interessar.
Viver tem um ônus, aprender tem um ônus.Todo bonus, tem seu ônus. Ao discipulo cabe a aceitação (ou não) do preço a pagar.
Ainda re-penso...
Eu sonho com um mundo mais colorido e mais leve... Tento fazer a minha parte, reformulando e reinventando uma pessoa mais leve... Ponho isso na minha fé e no meu cotidiano, nos meus estudos e no meu trabalho. Acredito na magia que circunda o todo, em fadas, dragões, deusas e deuses... Sem deixar de ver o que é feio, não mágico e mal neste mundo... Apenas escolho viver em amor... Não nego a maldade e o pior em mim... só sei quando e por que usar...
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eu acho que isso ainda merece muito repensar... eu já desisti. Ando à cata dos meus restos, aqueles que ainda faziam algum sentido.
ResponderExcluirSe um dia vc encontrar uma resposta única, definitiva, ce jura que não me conta?
O discipulado é realmente polêmico. Contudo, com a própria definição da palavra discipulo o candidato já tem base suficiente para decidir se o conhecimento e experiência que adquirirá valerá sua "submissão".
ResponderExcluirTodas as ações são escolhas... quanto as consequências... bom...