terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Internet, público e privacidade e distorções




Eu gosto de internet, mas sou bastante temerosa quanto aos vícios e obrigações que o uso dos diversos sites de relacionamento podem trazer.

Acredito que a frequência diária as páginas seja normal, mas quando começa haver aquela necessidade de checar os e-mails a cada 2 segundos ou de respondê-los imediatamente, mesmo durante uma outra tarefa qualquer, ou ainda, quando se tem que estar "antenado" no twitter, facebook, orkut, dentre outros, senão não saberei mais nada sobre o que acontece no mundo virtual, ou que estarei defasado nas informações dos meus amigos... algo está definitivamente errado...

Pessoas que têm tanta atividade na vida virtual a ponto de deixar de viver a vida real estão ficando cada vez mais comuns em meus círculos de convivência.

Eu mesma viciei em joguinhos do facebook, a ponto de deixar atrasar meu trabalho, jogando... (então o que estou dizendo está baseado na minha experiência própria). Conheci pessoas que, dado o grau do vicio, se retirou dos sites de relacionamentos, pois não conseguia "se controlar" mas que sabia que devia...
Outras que como eu, deixaram de realizar tarefas importantes naquele dia, pois perderam a noção do tempo, navegando na net...

É claro que tudo isso é justificável, eu concordo. a Internet tem videos, tv, sexo, cultura, pornografia, alegria, piada, musica, comida... a internet tem tudo....

Bom, até aí estou citando comportamentos e hábitos... mas hoje presenciei uma cena onde para mim, estava clara a distorção de alguns valores aplicáveis ao convívio humano... tentem entender a cena:
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pessoa 1, ao lado da pessoa 2, usando o novo msn, que está integrado ao facebook, ve uma observação no seu mural sobre o estado de espirito da pessoa 2 - que não era bom, no dia de anterior e pergunta: "Nossa, o que houve?"

Pessoa 2 responde: "Nada, achei que fulano queimou meu filme com beltrano."

Pessoa 1: "Caraca! E vc nao me disse nada? Fico sabendo só porque passei no facebook?

Pessoa 2: "Nops... eu queria privacidade....Nao queria alongar o assunto. Depois eu postei outra coisa dizendo que era engano..."

Pessoa 1 (com ares de espanto): Privacidade? Alongar o assunto? Sem comentários com uma pessoa próxima mas 195 contatos do facebook podem saber?

Pessoa 2: ué....(e depois com cara de indignação...) ah não... não começa!

fim da cena...
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O que percebo é que agora a internet está trazendo uma confusão entre uma série de valores humanos.

As pessoas têm confundido seus contatos virtuais com amigos. Diferença, que é clara pra mim, mas que pra quem se utiliza destes meios frequentemente,nao percebem.
Você agora tem em seus contatos, pessoas que nunca viu na vida, junto com pessoas que voce viu uma vez, e pessoas que são de fato seus amigos... Quando voce posta algo, não há como ter privacidade, ou anonimato... não há a seleção de quem vai saber de seu comentário geral.
Mas a sensação de estar contando para seus amigos virtuais, lhe dá a impressão que todos os seus "amigos" sabem, lhe confortam...Então, voce recebe um respaldo "fictício" de seus amigos e ideais virtuais...E isso tudo pra voce passa a ter valor de um relacionamento interpessoal.

As pessoas tem confundido comunicação rápida com comunicação eficiente.
Intimidade com anonimato...
Relacionamentos pessoais com relacionamentos virtuais...

Pode ser que as pessoas não estejam confundindo... pode ser que eu esteja confusa, por uma mentalidade arcaica, que pensa que o convívio direto não pode ser substituído pela presença de uma máquina com fotos ou imagens e sons das pessoas...

Talvez eu não tenha aprendido a modernizar minha comunicação e relação com o mundo...

Eu acredito que toda tecnologia existente serve para aproximar o contato humano, mas que não há motivo para a aproximação, quando não mais se enxerga o "humano" no contato...

Eu ainda tenho muito o que repensar sobre este assunto...

Ainda repenso...

Um comentário:

  1. Eu tô passando por uma fase interessante. Eu abro a minha caixa de email e não vejo nada que seja "para mim". Nada que me interessa ou que diga respeito à minha pessoa.

    Eu me sinto como se tivesse aberto o email de outra pessoa. Isso tem me feito meditar bastante sobre o que é importante para mim (okay, talvez eu só precise de um anti-spam).

    Você sabe que eu passo horas e horas na internet, mas por incrível que pareça, eu fujo de sites de relacionamento como o diabo foge da cruz. Eu simplesmente não consigo ficar naquela lenga lenga de contato superficial, e mais de quatro amigos ao mesmo tempo me assusta. Tenho amigos virtuais sim (pra falar a verdade, hoje em dia muito poucos), mas são pessoas com quem eu falo há anos, tenho algo muito importante em comum, etc. Ah, também tem pessoas como você, que são amigas temporariamente virtuais, mas que viram carne em osso quando as circunstâncias mudam.

    Curiosamente, eu raramente perdi trabalho por causa de internet, mas perdi boas horas de sono, rsss.

    Acho que o segredo para essas coisas é, como sempre, o caminho do meio. Acho que todo mundo pode ter o estilo de vida que bem entende, desde que não exagere.

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